07 julho, 2007

Zona Agraria vista por um veterano agricultor

Texto recebido por e-mail. É oportuno publicar.


A Zona Agrária ainda hoje não consegue livrar-se dum forte peso político por consequência da instabilidade social e anarquia ocorrida no já longínquo ano de 1975, a que a agricultura não escapou.
Ainda hoje alguns dos que vão à Zona Agrária dizem - vou ao IRA – como então era designado. Nesse ano – 1975, ano da ditadura estalinista - o tal IRA, referência de anarquia e mesmo terror para os agricultores, constituiu em Coruche uma das extensões de um tal partido político que à margem da democracia e das leis, fomentou as ocupações de terras no Ribatejo e Alentejo às quais não escaparam pobres nem ricos, nem velhos nem novos; nem eu escapei, que cultivava apenas uns escassos 4 hectares de terra arrendada; ou melhor; livraram-se só mesmo os do tal partido, como se possuíssem um diadema mágico. Mas logo no ano seguinte 1976, começou a instalar-se a ordem com os Ministros da Agricultura, Lopes Cardoso e António Barreto, e consequente troca de alguns funcionários; só que as mazelas a curar eram muito profundas de difícil ou impossível cicatrização. Talvez por isso a Zona Agrária nunca conseguiria livrar-se totalmente da histórica fama menos abonatória então adquirida.
Hoje a ZA nada tem a ver com o tal “IRA” de há mais 30 anos, mas ainda continua a carregar uma parte do peso político daqueles conturbados tempos em que os comunistas desrespeitando a democracia, quiseram ser donos de Portugal.
É discutível se faz ou não sentido manter-se a ZA em funcionamento quando a Agricultura faliu. Se tivesse que responder diria NIM. Reconheço terem por lá passado excelentes técnicos e funcionários, cujos nomes não vou citar, e que em tempos difíceis (anos 1977 e seguintes) não passaram ao lado das dificuldades, mas resolveram-nas a favor da reposição da legalidade. Os agricultores ainda hoje continuam a reconhecê-lo!

04 julho, 2007

Comentário

Gramo à brava assistir às sessões da Assembleia Municipal, àquelas discussões que geralmente não levam a lado nenhum mas servem sobretudo para alívio do stress acumulado durante a semana de trabalho.
Nesta última de 29/06/2007 mesmo sem estar presente obtive o respectivo ”feed-back” .
Curiosamente escasseavam os assuntos para tratar, daí que o tempo acabou por ser ocupado em grande % na discussão de moções :

PRIMEIRA(s) MOÇÃO (s) - Localização do novo Aeroporto

Ota ou Alcochete, eis a questão. Saltam para a mesa duas moções .
PS de Coruche - defende Alcochete, e louva o Governo por democraticamente aceitar discutir o dilema da localização.

PSD de Coruche - defende Alcochete mas ataca o Governo , acho que mesmo só por razões de oposição política .

Surgem as votações. CDU/PCP vota a favor das duas moções.!
Resultado: ambas aprovadas, sendo o segundo ponto das mesmas completamente antagónico!
Para mim, um simples cidadão cá do burgo, encontrei nesta votação o exemplo mais elucidativo da palavra contraditório. Sugere-se utilização nas aulas de Português... e mais não digo.
Desta forma os políticos (alguns) nunca conseguem o nosso crédito.


SEGUNDA MOÇÃO – Encerramento da Zona Agrária de Coruche

Moção apresentada pelo PCP/CDU e aprovada. Defendia a continuação da Zona Agrária!
Mas nada esclarece sobre o que se faz na Zona Agrária. Qual é o sumo daquilo? Para que serve? Pelo menos que a moção esclarecesse pra malta saber:–

Quais os objectivos gerais da Zona Agrária; Os objectivos conseguidos; Valências; Tarefas mais relevantes; Áreas funcionais; Áreas geográfica de intervenção; n.º de explorações existentes; n.º de explorações assistidas; n.º de agricultores beneficiados; Volume de trabalho desenvolvido por ano; n.º de funcionários

mas a moção nada disto esclareceu e assim ficamos na mesma como a lesma!

Não me querem contratar para escrever as vossas moções?

Lamento que a ZA feche só por causa dos funcionários.
Os agricultores tanto lhes faz como lhes fez, tem as Associações para lhes tratar dos processos.
A Câmara Municipal e a Assembleia manifestam solidariedade para com os funcionários, são contra o encerramento (?) só por razões políticas. E fica-lhes bem essa pose. Ou não fica porque há a outra parte, a dos impostos que o Zé paga para manter o peso do Estado.
Com tudo isto espero que os funcionários não fiquem pendurados com os postos de trabalho. Pelo menos não é isso que o ministro tem dito!

Zé do Monte